A segunda-feira (08) foi de movimentação intensa na Universidade Federal de Pernambuco. Após mais de dois meses em greve, a comunidade acadêmica voltou a se reunir para retomar as atividades letivas, confraternizar e também discutir os ganhos da greve para professores, técnicos-administrativos e estudantes. A Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco percorreu Centros e Departamentos no Recife, no Centro Acadêmico de Vitória de Santo Antão e no Centro Acadêmico do Agreste para conversar com as pessoas sobre o processo de retomada do período e a expectativa para as novidades anunciadas no Termo de Acordo feito com o governo.
“A Adufepe está junto com os professores e professoras da UFPE para retornarmos a nossa vida acadêmica. É importante nos sentirmos vitoriosos depois dessas 11 semanas de greve. Continuamos firmes na luta pelo interesse da nossa categoria”, observou a presidenta Teresa Lopes.
Ao longo do dia, os diretores do sindicato percorreram o Centro de Biociências, o Centro de Artes e Comunicação e o Núcleo Integrado de Atividades de Ensino (Niate) do Centro de Filosofia e Ciências Humanas e do Centro de Ciências Sociais Aplicadas para uma aproximação direta com a comunidade.
A professora Maria José de Matos Luna, do Departamento de Letras, do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e presidente da Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara da UFPE, salienta que, neste momento de retomada, é preciso ter parcimônia. “Não podemos ser extremistas, temos que trabalhar dentro de um consenso. Numa greve, quando você percebe que não tem mais acordos ou discussões que tragam benefícios para a comunidade, ela já está morta. Todo mundo queria mais e melhor, mas agora nós vivemos uma situação muito difícil no país. Não é fácil para quem governa e nem para quem é governado. É preciso se chegar a um meio-termo. Os professores são sempre educadores antes mesmo de ser servidor público, e isso já nos leva a uma reflexão e não quer dizer ser submisso às ordens do governo. Todo mundo tem senso crítico. Quer dizer que nós estamos aqui para prestar um serviço e é um serviço público de qualidade”.
Por sua vez, a coordenadora da Licenciatura de Educação Física no CAV, Florisbela Campos, avaliou de forma positiva o reinício das aulas e especula que a frequência foi de aproximadamente 90%. “Era uma expectativa muito grande para o reinício desse semestre, principalmente por conta das reformas que vão acontecer no nosso Centro. São demandas antigas. Que em todas as turmas as aulas aconteçam novamente e que os alunos retomem com tranquilidade. Casos pontuais, vamos resolver de formas pontuais. Em linhas gerais, esperamos que dê tudo certo”, complementou.
No Centro Acadêmico do Agreste, a professora Tânia Bazante, do Núcleo de Formação Docentes do CAA e do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, além de cofundadora do Coletivo Marias Também Têm Força, lembra que no processo educacional a aprendizagem acontece dentro e fora das salas de aula. “Estamos fazendo a retomada depois de um momento de luta, de greve, para buscar questões que nos validem e fortaleçam objetiva e subjetivamente nosso trabalho. A expectativa é acolher os meninos e meninas e poder criar um momento para que as aulas aconteçam da melhor maneira possível e que o semestre, apesar do novo calendário, flua. A luta faz parte daquilo que desejamos de melhor na qualidade da formação que eles merecem ter”, pontuou.
O diretor Audisio Costa, da Adufepe, conversou com docentes, técnicos e estudantes para explicar como o Termo de Acordo firmado entre as entidades representativas das categorias e o Governo Federal afeta o cotidiano da comunidade acadêmica.
“Nesse ano de 2024, o ganho foi pequeno, foi somente no auxílio-alimentação, creche e saúde suplementar, que os professores já estão recebendo desde maio. Os ganhos maiores são para os próximos. Em 2025, com o aumento linear de 9%, mais outros ganhos que estão inerentes à mudança de carreira. A base vai aumentar significativamente o salário com a fusão das duas classes iniciais. Com isso, nós vamos reduzir o tempo para chegar a nível de titular, o que é extremamente importante por conta da aposentadoria dos novos docentes. E no ano seguinte, serão mais 3,5%”, ressaltou.
Ainda nas palavras do diretor, outra questão importante é o incentivo para que mais pessoas façam concurso e entrem na carreira docente. “Realmente, o salário estava extremamente baixo e não era nada atrativo para quem queria iniciar a carreira. A universidade é o centro de formação e conhecimento mais importante do país, é o maior patrimônio do povo brasileiro. Se nós queremos um país soberano e desenvolvido, não há outro caminho a não ser por meio de um serviço público de qualidade, em especial voltado para a educação”, concluiu.
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