Com base em ampla pesquisa sobre programas políticos, acesso às mídias sociais e fake news, o livro “Bolsonarismo e Lulismo nas Principais Capitais Brasileiras” apresenta discussões sobre comportamento eleitoral no Brasil durante as eleições de 2022. O trabalho organizado pela professora Cristina Pereira de Araujo da UFPE, Sérgio Simoni Junior da USP e Esther Solano Gallego da UNIFESP foi lançado no dia 13 de dezembro de 2024, numa live com a participação dos autores que apresentaram as contribuições da pesquisa para o debate político contemporâneo. ASSISTA AQUI.
“Como um candidato com plano ultraliberal foi ganhador das eleições de 2018 e referendado por 49% da população em 2022? Essa e outras indagações conduziram a um projeto em rede, financiado pela Fundação Tide Setúbal, envolvendo pesquisadores(as) de 15 Instituições de Ensino Superior (IES), denominado Geopolítica e Desenvolvimento Desigual no Brasil: voto, território e classe (Rede VTC), que tem como universo de estudo 11 colégios eleitorais brasileiros, a saber: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Curitiba, Manaus, Recife, Porto Alegre, Belém e Goiânia”, descrevem os autores na apresentação da obra. Você pode acessar o E-book gratuitamente AQUI.
Para entender o eleitorado brasileiro, os pesquisadores aplicaram pesquisa de opinião que agregou respostas de mais de 4,5 mil eleitores, em torno de 400 pessoas por cidade, durante os meses de setembro de 2022 e abril de 2023. O estudo buscou captar o reconhecimento de notícias falsas e a identificação com as propostas dos planos de governo dos candidatos mais bem votados. Estruturado em três grandes eixos, os questionários apresentaram os dois planos de governo separados em 7 eixos temáticos (como saúde, educação, assistência social, moradia, saneamento e segurança pública) para identificar a adesão ou concordância dos eleitores às propostas.
Imersos em um contexto de ascensão do Bolsonarimo e instabilidades do Lulismo, a pesquisa capta percepções ideológicas do eleitor, reflete a polarização entre valores progressistas e conservadores, apontando a tendência global das democracias ocidentais. Também apresenta a coexistência de valores ideológicos distintos que sugere polarização e a dificuldade das propostas progressistas atingirem a compreensão plena das camadas menos favorecidas, indicando a necessidade de investimento em formação sócio política. “Desta forma, esperamos que o livro possa contribuir para os debates acadêmicos e da esfera pública, em geral, sobre comportamento político no Brasil contemporâneo”.
Cada capítulo traz reflexões importantes a partir dos dados levantados. Dentre os resultados apresentados, destaca-se a grande adesão, do ponto de vista do conteúdo, às pautas do programa político do candidato e atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar das variações regionais e até mesmo em colégios eleitorais conhecidos pelo apoio ao candidato Bolsonaro. Entre outras questões levantadas, também revelou que a maioria dos que acreditam em notícias falsas acreditava no plano de governo de Bolsonaro e os que se informam mais por redes sociais apresentaram maior adesão ao seu programa de governo. Além de discutir os resultados, a publicação propõe reflexões em recortes por regiões do país e por temas como raça, gênero, escolaridade, religião e moradia.
Durante a live de lançamento, a professora Cristina Pereira de Araujo conta o quanto compreender como as pessoas votam moveu a ação dos pesquisadores. “Será que elas votam pelo plano de governo ou com algum background contra o candidato A, ou B? Será que as notícias importam? Diante disso, aplicamos um questionário em 11 capitais e contamos com a participação valiosa não só da nossa equipe, mas de pesquisadores ligados à rede que nos ajudaram a replicar essa pesquisa, indo em feiras, pontos de ônibus e mais”. A equipe se debruçou sobre os dados que se reverteram em 13 capítulos do livro com gráficos e imagens. Além dos organizadores, o livro contém contribuições de Lilian Sendreti, Lutemberg Santana, Helena Tourinho, Beatriz Palmeira, Jéssica Krislei, Marcones Oliveira e outros pesquisadores.