Os direitos de pessoas surdas ainda não estão totalmente garantidos. Uma prova disso é a barreira que muitos enfrentam na comunicação. A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (Adufepe) sabe disso e, para garantir mais acesso ao direito linguístico e à comunicação, oferecerá aos funcionários do sindicato um curso de Língua Brasileira de Sinais (Libras). A ideia surgiu após reunião entre o vice-presidente da Adufepe, professor Márcio Vilela, a intérprete de Libras Débora Uchôa e os professores de Libras: Antônio Carlos Cardoso e José Arnor de Lima Júnior, os docentes ensinam nos cursos de Pedagogia e Licenciaturas, no Centro de Educação.
“A lei n 10.436/2002 reconhece a Libras como a língua de comunicação e expressão da comunidade surda no Brasil. O Decreto nº 5.626/2005 regulamenta essa lei e estabelece diretrizes para sua implementação, tornando obrigatório o ensino de Libras em cursos de formação de professores e garantindo acessibilidade para surdos em diversos contextos. A oferta de cursos de Libras, como no caso da Adufepe e outras instituições, é essencial para melhorar a comunicação com surdos e promover inclusão na sociedade. Isso fortalece o atendimento adequado e a acessibilidade linguística, garantindo os direitos da comunidade surda”, explica o professor José Arnor.
Durante o encontro foram discutidos o direito à acessibilidade linguística. O intuito é melhorar ainda mais a inclusão e as discussões políticas que acontecem na Adufepe, alcançando de forma direta, comunicativa e técnica a todos os professores surdos e não surdos. O aprendizado da Libras por parte do ouvinte facilita a conversação ao mesmo tempo em que respeita e valoriza os aspectos socioculturais da Comunidade Surda. Em toda a UFPE existem oito professores surdos.
“Queremos participar mais e estar mais inseridos nos debates sobre inclusão e discussões políticas da Adufepe. Não queremos ter dificuldades comunicacionais tanto na universidade quanto no sindicato. Os alunos surdos têm aumentado, precisamos de melhorias. Sabemos que é mais difícil ter intérprete de Libras, porém continuamos na luta tentando melhorar a acessibilidade. Queremos priorizar os funcionários daqui, inicialmente no Recife, mas também os de Vitória e Caruaru, para que eles aprendam a Libras para uma boa comunicação da pessoa surda. Também queremos intérpretes de libras que sejam fluentes e não somente tenham certificados do curso”, avalia o professor Antônio Carlos Cardoso.
Para o vice-presidente da Adufepe, professor Márcio Vilela, a reunião trouxe pontos de vista importante para ampliar a inclusão na Adufepe. O entendimento e questionamento trazido pelos professores despertaram para um projeto adormecido: um curso de Libras destinado aos funcionários. O que foi explicado ao diretor do sindicato é que mesmo com o acompanhamento de intérpretes de Libras durante as assembleias há uma dificuldade na comunicação técnica. “Nós vamos ter um primeiro curso e a ideia é atender os funcionários da sede, no Recife, e nas subsedes, em Vitória de Santo Antão e Caruaru, e que a partir disso possa facilitar ainda mais essa comunicação e assim pensar em uma Adufepe ainda mais inclusiva”, garante o vice-presidente da entidade.
A Adufepe entende que a realização de cursos de Língua de Sinais é de suma importância para uma ampla comunicação e a inserção do Surdo na sociedade de forma acessível. O curso para os funcionários será ministrado por um professor de Libras e uma intérprete de Libras com uma metodologia visual e prática de forma contextualizada na qual serão desenvolvidos conhecimentos básicos da Libras.
Intérprete de Libras
Durante o encontro, a intérprete de Libras Débora Uchôa foi quem auxiliou a comunicação dos docentes. Ela fez a tradução da mensagens do português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e vice-versa. A intérprete atua como mediadora linguística, garantindo que pessoas surdas e ouvintes possam se comunicar. Além da tradução também cabe ao intérprete facilitar de acordo com o contexto e o público.