Após 524 anos, quando o processo de colonização se iniciou no Brasil, neste 19 de abril, os povos indígenas merecem um olhar não apenas reflexivo e atento, mas, principalmente, ativo. Reconhecer a importância dos povos indígenas exige mais que palavras e é urgente a inclusão efetiva desses povos em todos os processos decisórios para desconstrução do preconceito que persiste, por uma leitura distorcida da realidade.
Apesar da invasão e contaminação de suas terras, cenários de violência e situações degradantes, os povos originários emergem com a resistência necessária na busca pela garantia dos seus direitos constitucionais. Eles ainda clamam por direitos básicos e condições mínimas para sua sobrevivência como a homologação da terra, o acesso a serviços de saúde e educação e respeito às suas tradições. Em consequência das invasões de seus territórios para ocupação, extração ilegal de madeira e garimpo, esses povos enfrentam problemas de saúde e segurança física e alimentar, como escancarou a crise humanitária vivenciada pelos Yanomamis.
Como frutos da luta por visibilidade e valorização, houve avanços efetivados com a escolha de mulheres e homens indígenas para representação em órgãos do Poder Executivo e a criação do Ministério dos Povos Indígenas. Pela primeira vez na história do país, representantes de comunidades indígenas foram colocados no alto escalão do governo federal.
Após um processo histórico de tão acentuada degradação, é, portanto, urgente e necessário que os direitos dos povos indígenas passem a ser efetivamente respeitados, seja em contexto urbano ou de aldeia, para que sua existência flua em sintonia com a terra seguindo um curso natural em favor dos povos, da biodiversidade e, consequentemente, de toda a sociedade.