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Boaventura aponta caminhos para resistência ao capitalismo universitário em aula pública

Um dos pensadores mais influentes da contemporaneidade, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos ministrou aula pública para professores, estudantes, movimentos sociais, entidades sindicais e ativistas, na manhã desta sexta-feira (13), no auditório do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), na Universidade Federal de Pernambuco. Aproximadamente 500 pessoas lotaram a sala para ouvir as palavras do diretor Emérito do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa. Seguindo o tema “As Epistemologias do Sul e a Defesa da Universidade Pública”, o pesquisador destrinchou o capitalismo universitário e os riscos do um governo neoliberal de direita que asfixia a educação pública com cortes orçamentários e vetos políticos dentro da Academia.

“Quando um governo de direita neoliberal assume o poder, os alvos são as universidades públicas. Estamos assistindo isso em todo o mundo. Às vezes, os ataques são mais frontais, outras vezes, mais suaves. Mas, em média, há uma redução de 30% e 50% no orçamento”, detalhou o sociólogo. “Primeiro, nós temos que saber o que é educar. Dentro da política da Escola Sem Partido, os professores são vistos como transmissores de conhecimento, o que pode ser substituído por qualquer computador. Os professores devem sim educar com foco na formação, técnica e aprofundamento”, complementou.

Ainda segundo o estudioso, o modelo de universidade como negócio passa por três etapas. “Começou com o aumento do número de universidades particulares, depois, além da transferência de conhecimento, houve também a transferência de recursos. Por fim, vemos universidades sendo administradas como empresas. Os ataques são intencionais. Até mesmo na área das pesquisas acontece uma espécie de ‘tinderização’. São muitas citações, mas ninguém sabe sobre o que se fala, não há qualidade, é uma mercantilização do conhecimento com ranking para indexar e vender”.

O sociólogo veio ao Recife a convite da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (ADUFEPE). “Nós estamos agradecidos pela presença de todos. Estamos comprometidos com um projeto de universidade a serviço da soberania do país e, em tempos tenebrosos, ver tanta gente reunida é uma resposta muito positiva”, apontou o presidente da ADUFEPE, professor Edeson Siqueira. Para o vice-reitor da UFPE, Moacyr Araújo, a atividade foi um ponto de expansão de conhecimento essencial para a atual conjuntura sociopolítica que os brasileiros enfrentam. “Ouso dizer que estamos vivendo uma nova idade média e é preciso que as universidades sejam polo de resistência. Nossa instituição é secular, não vai ser uma tempestade que vai nos derrubar”.

Aclamado pelo público, Boaventura encerrou incitando a luta através do conhecimento. “A extensão existe porque a universidade estava encolhida, estava fechada. Agora, ela saiu dos limites do campus e temos que trazer a comunidade para dentro. Tenham muita atenção, se fizermos isso, penso que vamos encontrar uma forma de não formarmos conformistas, mas formarmos rebeldes competentes”.

Confira a aula pública na íntegra

Boaventura de Sousa Santos
Boaventura de Sousa Santos nasceu em Coimbra, Portugal. É doutorado em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale e professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Universidade de Wisconsin-Madison. Foi também Global Legal Scholar da Universidade de Warwick e professor visitante do Birkbeck College da Universidade de Londres. É diretor Emérito do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.

De 2011 a 2016, dirigiu o projeto de investigação ALICE – Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências o mundo, um projeto financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC), um dos mais prestigiados e competitivos financiamentos internacionais para a investigação científica de excelência em espaço europeu. Tem escrito e publicado extensivamente nas áreas de sociologia do direito, sociologia política, epistemologia, estudos pós-coloniais e também sobre bandeiras de lutas de movimentos sociais: globalização, democracia participativa, reforma do Estado, direitos humanos. Os seus trabalhos encontram-se traduzidos em espanhol, inglês, italiano, francês, alemão, chinês, romeno e dinamarquês.

Confira as imagens da aula pública

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