Associação dos Docentes da UFPE

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Foto: Eduardo Cunha

OPINIÃO: Docência universitária não se restringe a aula – (Silke Weber)

No debate sobre a proposta do Future-se, apresentada pelo MEC há uma semana, a grande crítica tem recaído na redução da questão da educação superior,  a  seu financiamento. Agora uma nova polêmica se acrescenta: a da docência universitária. 

À semelhança do Future-se, quando o MEC se volta para as formas de assegurar a manutenção do sistema universitário federal, certamente oneroso para qualquer nação, passa agora a  questionar a especificidade da docência nas universidades. Novamente uma visão reducionista baliza a proposta do Ministério, ao não considerar que as universidades, têm como finalidades, a produção e disseminação do conhecimento, a formação profissional, o desenvolvimento cientifico e tecnológico e o enriquecimento cultural, além  de oferecer  suporte à formulação de políticas publicas.

A consecução de tais finalidades requer  trabalho e  dedicação de um corpo profissional altamente qualificado, para atender necessidades de formação de quadros demandadas pela sociedade e pelas diferentes áreas de conhecimento. Para tanto, o corpo profissional das  universidades é instado a atuar na disseminação do conhecimento,  feito principalmente por meio de aulas, mas, também , a se voltar  para a produção e retificação do conhecimento visando à experimentação de respostas aos problemas abordados pelas diversas áreas,  e pelas necessidades da  sociedades, o que requer  a fabricação  de tecnologias e o desenvolvimento    de inovações correspondentes.

A atividade  didático-pedagógica da universidade é, por conseguinte, apenas uma das facetas da atividade docente, desde que lhe cabe  ministrar aulas,  e também,   a orientação   ou supervisão de estudantes  em monitoria, iniciação científica, estágios, trabalhos de conclusão de cursos , residências, no âmbito da  graduação,  e se responsabilizar  pela orientação de pesquisas  e avaliação da sua qualidade  nos cursos de pós-graduação, lato e stricto sensu.  Acrescente-se, ainda, a elaboração de projetos de pesquisa próprios e interinstitucionais  voltados para  áreas de especialização e/ou ao  atendimento a prioridades nacionais ou locais , sendo  inerente a esse processo  a interlocução com pares em  congressos, seminários, simpósios  e a publicação de  seus resultados.

A atividade docente universitária implica, ainda, a participação na solução  de problemas sociais e econômicos conjunturais ou históricos mediante a integração de ensino e de pesquisa, além, da promoção de enriquecimento cultural.

A complexidade envolvida na atividade universitária constitui, assim, uma das razões da definição do tempo de trabalho, acertadamente, contemplada na Reforma Universitária de 1968. A profissionalização daí decorrente explica ser a universidade pública responsável por cerca de 90% da pesquisa produzida no país, com evidente repercussão em políticas públicas  e  objeto de reconhecimento internacional.

Cabe, portanto, conduzir o debate sobre a docência universitária dentro dos parâmetros  que conformam a sua especificidade, ao invés de suscitar conflitos com a docência da Educação Básica, cuja valorização é há muito objeto de luta significativa, e sobre a qual a universidade brasileira vem dedicando inúmeros estudos e pesquisas e atuado na formação de seus professores.

Texto: Silke Weber
Foto: Eduardo Cunha

 

 

 

1 comentário em “OPINIÃO: Docência universitária não se restringe a aula – (Silke Weber)”

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