Revolta. Esse foi o sentimento que imperou entre os manifestantes que se reuniram na tarde de ontem (9), na Praça do Derby, centro do Recife. O ato nacional em defesa da democracia teve como principal objetivo repudiar o recente ataque de extremistas de direita à praça dos Três poderes, em Brasília. O percurso seguiu até o monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora, no bairro da Boa Vista e, além da Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe), entidades sindicais, lideranças políticas e estudantis, a ação contou, principalmente, com participação de centenas de cidadãos que esbravejaram gritos de “Fascista não se cria” e clamaram para que a anistia não venha a ser concedida aos maculadores da democracia do Brasil.
Motivados, especialmente, pela narrativa falaciosa de uma possível fraude no processo eleitoral que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os apoiadores do ex-presidente, Jair Bolsonaro vêm a meses ocupando a entrada de diversos quartéis pelo país, exigindo a tomada do poder executivo pelas Forças Armadas. O ato antidemocrático do último domingo pode ser considerado uma tragédia anunciada e a omissão das autoridades de segurança do Distrito Federal (DF), diante do ocorrido, abalou as estruturas da sociedade brasileira e acabou por motivar manifestações, como a de Recife, por diversas cidades.

“É importante que todos nós estejamos presentes nesse momento de luta, pois o país pede da gente dedicação em defesa da democracia e em defesa das eleições. Não podemos admitir atos terroristas da menor espécie, muito menos o que aconteceu domingo. Então há a necessidade de gritar e mostrar ao governo federal que pode contar conosco para o que for necessário. Fascistas não se criarão entre nós”, foi enfático o diretor da Adufepe, Ricardo Oliveira.
Para a deputada estadual eleita pelo PSOL, Dani Portela, os acontecimentos hostis atestam o quanto a democracia brasileira ainda possui fragilidades e precisa ser constantemente protegida. “A democracia no Brasil é recente, é jovem e desde o processo de redemocratização, como fim da ditadura militar, temos feito lutas constantes para o seu fortalecimento. Os golpistas e terroristas ameaçaram os princípios da democracia por não aceitar o resultado de uma eleição e, por isso, precisamos reforçar as instituições e garantir o estado democrático de direito”, pontuou.

Até o momento, aproximadamente 1.200 pessoas foram presas, após os atos de vandalismo, e diversos outros suspeitos seguem sendo investigados. Além disso, a capital federal segue sob intervenção federal pós decreto de Lula, que tirou o comando da área de segurança pública do governador Ibaneis Rocha, do MDB, e colocou as polícias e o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal sob comando da União.
Em nota, a Adufepe reafirmou a exigência de apuração e punição de todos os participantes e seus financiadores, com a maior brevidade possível. “Nós repudiamos essa atividade de vândalos que tentam macular a democracia brasileira, mas não irão conseguir”, foi categórica a presidenta Teresa Lopes. Já a diretora Gardênia Militão aproveitou a oportunidade para exaltar a necessidade de justiça na resolução do caso. “Estamos aqui em defesa da democracia, em defesa da consolidação do voto popular. Solicitamos também que haja investigação e responsabilização dos envolvidos”, concluiu.

Assista ao vídeo de cobertura da Adufepe: