Na manhã em que se encerra o II Congresso UFPE em debate, palestrantes se mostraram satisfeitos com a expansão do processo de interiorização das universidades federais no Brasil.
O reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) Paulo Gabriel Nacif e o ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Amaro Lins falaram sobre a importância da interiorização das universidades federais brasileiras e as vantagens desse processo para as regiões beneficiadas na manhã desta sexta-feira (09). Com o tema Universidade e a Experiência de Interiorização no Brasil, a mesa-redonda foi realizada no Auditório Barbosa Lima Sobrinho (CFCH).
Apesar de tardia, a federalização das universidades públicas no Brasil foi o que possibilitou o investimento em políticas públicas capazes de expandir o modelo de ensino e estrutura dos centros acadêmicos concentrados na capital para o interior. Segundo Paulo Gabriel Nacif, o plano de interiorização das universidades públicas é um processo de inclusão. “Avançamos, mas poderíamos ter avançado mais se tivéssemos uma organização de estado”, apontou.
O professor exemplificou, através de um gráfico, a melhoria das regiões e, consequentemente, da vida das pessoas que passaram a ter oportunidade de estudar em uma universidade pública. “A interiorização gera demanda de mudanças da infraestrutura local pela necessidade de habitação, transporte, lazer e outros serviços, promovendo efeitos multiplicadores na economia local e o fortalecimento das cidades intermediadas”, avaliou.
Nacif ressaltou que desde 2005, com a implementação do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), a interiorização das universidades teve impacto direto na dinâmica econômica, social e cultural das regiões descentralizadas. “Essa política pública possibilitou que as pessoas aumentassem seu capital social, na qual passaram a ter uma capacitação muito melhor sem abandonar o lugar onde viviam. Então, essa expansão deu possibilidade de crescimento a milhares de brasileiros”, completou.
Já o ex-reitor da UFPE Amaro alertou sobre a importância do ensino público de qualidade. “O ensino público de qualidade é essencial para a diminuição da desigualdade social e regional. Um país que não gera conhecimento é fadado a ser dependente a vida toda”, destacou. Amaro Lins criticou os argumentos contrários as ações afirmativas na universidade, como as cotas raciais. “Hoje vemos que os alunos cotistas possuem desempenho muitas vezes maior do que alunos não cotistas”. E completou em tom de emoção: “O projeto de expansão foi um processo de encontro do Brasil com ele mesmo e do reconhecimento do povo enquanto nação”.
Tendo iniciado dia 6 de novembro, o II Congresso UFPE em Debate, promovido pela Associação dos Docentes de Pernambuco (ADUFEPE), encerra seu ciclo de palestras, mesas-redondas, apresentação de artigo e atividades culturais nesta sexta-feira (09). Com apresentação do Coxa de Retalhos, grupo de cirandeiras de Abreu e Lima, e jantar com crepe e música ao vivo, ao som da banda Matéria Prima.