Novas concepções de espaço público

Compartilhar

  • Facebook
  • Whatsapp
  • Twitter
  • E-mail
  • Imprimir

Novas concepções de espaço público

9 de novembro de 2018 | Por: Suara Macedo

Os professores Alejandro Restrepo, da Universidad Pontificia Bolivariana (UPB) e Roberto Montezuma, da UFPE, mostraram a possibilidade da academia interferir no espaço urbano, com a mesa-redonda Universidade e Cidade, nesta quinta-feira (8), no auditório 3, da Biblioteca Central.
O arquiteto colombiano mostrou o trabalho realizado na cidade de Medellín. Lá, há algumas décadas atrás, o contexto social era de extrema insegurança, marginalização e, para alguns, exclusão. Uma realidade que está se transformando através de um projeto integrado a partir das necessidades de toda a população. “Numa cidade que navegou por muitos anos na obscuridade da violência, a primeira coisa a se fazer é conversar com a população”.
Embora Restrepo reconheça que as melhorias ainda estão em andamento, a experiência de Medellín é inspiradora. “Se a arquitetura e o urbanismo trabalham para que as pessoas melhorem sua qualidade de vida, estão fazendo o trabalho correto”. Hoje, Medellín possui uma rede de parques e bibliotecas pensados como espaços de encontro, resultado de uma pesquisa sobre o que as pessoas da redondeza queriam.
Ele conta que, para isso, foi preciso considerar vários fatores e planejar todos os aspectos urbanos e sociais. Isso envolveu o contexto urbano e as condições naturais, inserindo na paisagem mais áreas verdes, considerando suas particularidades climáticas e ampliando opções para os pedestres.
O plano também considerou mobilidade sustentável, através de um sistema de transporte público integrado e acessível a todos os bairros da cidade. “Precisamos pensar o sistema de transporte público para que as pessoas queiram optar por ele”. Além disso, foi planejado um espaço público ambiental sustentável, com a criação de 140 novos parques. “Numa cidade historicamente ligada ao medo, habituada a trancar-se, é preciso construir novos espaços públicos para que possamos abrir as janelas e sair para visitar esses lugares”.
Alejandro também mencionou o planejamento para inclusão dos centros públicos, educativos, culturais e a importância da educação. “Vocês conhecem a importância da universidade no desenvolvimento de uma cidade”, ressaltou. Outros pontos que compõe o projeto da nova Medellín são: recreação e esporte, vivência social e o pensar da cidade como um encontro da diversidade, “pois a cidade é um encontro de diferenças. Ainda que com diferentes perspectivas políticas, a vida da cidadania é uma só. A qualidade de vida é inegociável e não tem cores”.

Parque Capibaribe / INCITI
Já o arquiteto, professor e presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) Roberto Montezuma, compartilhou a experiência do projeto Parque Capibaribe, no Recife. A ideia também interfere na forma como as pessoas convivem na cidade ao propor uma reconexão com as águas do rio Capibaribe. “Vamos concretizar um sonho, unir forças antes desconectadas, formar um caminho conjunto e contundente rumo a cidade que precisamos e merecemos”, idealizou o arquiteto.
O projeto prevê um sistema de parques integrados ao longo de 15km em cada margem do rio Capibaribe, totalizando 30km de áreas de lazer. Partindo do princípio de cidade parque com objetivo de reconstruir a lógica ambiental, elegeram-se cinco verbos transformadores: chegar, atravessar, abraçar, percorrer e ativar. A iniciativa, conecta os espaços e oferece uma forma mais fácil e segura de deslocamento para pedestres e ciclistas. O projeto é desenvolvido por meio de um convênio entre a Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Recife, o INCITI da UFPE, Pesquisa e Inovação para as Cidades.