“Universidade deve ser protagonista na solução de problemas sociais”

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“Universidade deve ser protagonista na solução de problemas sociais”

9 de novembro de 2018 | Por: Suara Macedo

O arquiteto Alejandro Restrepo é professor da Universidade Pontifícia Bolivariana. Ele realizou projetos em diferentes escalas na Colômbia, México e Panamá, mas a menina dos olhos é, sem dúvida a cidade de Medellín, onde atualmente é Diretor de Projetos Urbanos. No II Congresso UFPE em debate, Alejandro participou da mesa-redonda Universidade e Cidade e compartilhou sua experiência de intervenção urbana e social que mudou o olhar sobre Medellín. Ele atua em áreas relacionadas a qualidade de vida e pesquisas para melhorar o conforto nas habitações. Suas pesquisas abarcam também a qualidade ambiental. Nesta conversa com a ADUFEPE, Alejandro afirma que o segredo é o diálogo com a sociedade e que a partir disso, é possível inserir mudanças em todos os aspectos sociais.

Seus estudos são realizados no ambiente universitário, onde conhecimentos se interligam para beneficiar os que vivem fora dela. Com quais áreas a suas pesquisas se relacionam?

Efetivamente, o que falo na academia é que cada um dos trabalhos e pesquisas se fazem com o objetivo de melhorar a qualidade de vida no espaço urbano, onde as pessoas moram, trabalham e desenvolvem suas atividades cotidianas. O que é feito na academia precisa se estender. Um espaço de pesquisa permanente no qual as perguntas, sobre qualidade de vida, qualidade ambiental, qualidade de espaço urbano e habitacional, se fazem e se resolvem. Tais questões se estendem através de pesquisas que posteriormente transformam a prática e o exercício profissional.

As construções urbanas concebidas na universidade nas últimas décadas melhoraram a qualidade habitacional das pessoas da América Latina?

Eu acredito que sim. E é uma reflexão muito importante pois, no contexto particular de Medellín, há quatro décadas atrás, tivemos uma série de complicações pois havia uma condição na qual os assuntos e a cultura da ilegalidade entraram em todos lugares. Mas, há mudanças quando, as universidades, as administrações públicas e as empresas privadas se orientam a melhorar as condições de habitação do seu entorno, complementando e entendendo as estruturas sociais da periferia. Então, creio que, efetivamente, através de uma política coordenada, consecutiva de diferentes governos que invistam na qualidade social acima de quaisquer outros interesses políticos, pode-se melhorar a qualidade de vida na nossa cidade. Estivemos contestando algumas condições de insegurança, estivemos propiciando dinâmicas para a educação de nossos jovens e incentivando a assistência a eles desde o jardim de infância até as escolas primárias e secundárias, chegando também até as garantias de estudos para chegar as instituições universitárias. Com a requalificação ambiental de nosso espaço público, foi possível melhorar a qualidade de vida em nosso contexto, e esperamos também melhorar em outros contextos da América Latina.

Quais características são importantes para uma universidade e para a construção de um projeto de universidade?

Eu penso que a universidade deve ter clareza em qual contexto está inserida e quais são as problemáticas desse lugar. Se ela entende claramente os problemas a sua volta e todas as dinâmicas para resolver as condições desfavoráveis desse contexto, a universidade poderá atuar para solucionar esses problemas. Quando uma universidade analisa esquemas sociais, entende as estruturas sociais da universidade e a partir daí compreende as falências, as deficiências e as necessidades das comunidades, ela pode propor e implantar projetos para resolver. Assim, pode atender a maior quantidade de pessoas possíveis, com a máxima qualidade e encontrar dinâmicas habitacionais que permitam o desenvolvimento de novas condições de vida. Queremos que nossas universidades trabalhem diretamente sobre a sociedade, entendam seu contexto, suas condições, para que a partir disso possam desenvolver patentes de iniciação científicas e pesquisas em assuntos residenciais e urbanísticos e de qualidade ambiental.

Você acredita que a Universidade está cumprindo o papel de estabelecer um diálogo com a sociedade?

Em nosso contexto sim. O trabalho na Universidade Pontifícia Bolivariana começou se perguntando pelas problemáticas eminentes do contexto urbano. As perguntas levaram às escolhas temáticas onde se fazem os estudos com nossos estudantes e as pesquisas com nossos docentes. Todas orientadas a melhorar as condições da cidade. Na universidade se implanta, se escuta, responde-se as perguntas da sociedade e trabalha-se conjuntamente com ela através da ciência e da técnica para resolver seus problemas. Uma universidade que não esteja em relação direta com as necessidades de seu contexto, estará perdendo uma grande e valiosa oportunidade de solucionar problemas comuns na América Latina. Questões como qualidade do espaço urbano, segurança e outros são oportunidades para a universidade se apresentar. É preciso assumir esse papel de protagonismo na solução desses problemas, a partir de suas ideias, nas suas pesquisas, nos trabalhos com seus estudantes e professores.